O lipedema é uma doença vascular crônica, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, coxas e braços. Acometendo quase exclusivamente mulheres, essa condição traz sintomas como dor, sensação de peso e facilidade para formar hematomas.
No consultório, é muito comum ouvir a pergunta: “Dr. Douglas, alimentação e exercício físico ajudam no tratamento do lipedema?” A resposta é: sim, ajudam muito. Mesmo com os benefícios, ainda existem pontos importantes que precisam ser esclarecidos para um entendimento completo do tratamento.
Alimentação: verdades e mitos
Antes de tudo, é fundamental desfazer um mito importante: o lipedema não é causado por alimentação inadequada ou obesidade. Trata-se de uma doença com forte influência genética e hormonal. Mesmo assim, a escolha dos alimentos exerce grande influência sobre os sintomas e a qualidade de vida.
Uma alimentação com foco anti-inflamatório pode reduzir o inchaço, a dor e o desconforto. Isso significa priorizar alimentos naturais e minimizar o consumo de ultraprocessados, açúcares refinados e gorduras inflamatórias.
Alimentos aliados no manejo do lipedema:
- Verduras e legumes variados (de preferência orgânicos);
- Frutas ricas em antioxidantes, como frutas vermelhas (morango, mirtilo, amora);
- Peixes ricos em ômega-3, como salmão e sardinha;
- Oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas);
- Muita água ao longo do dia.
Adicionalmente, alimentos ricos em fibras favorecem o funcionamento intestinal — um fator que também ajuda a reduzir inflamações. Opções como chia, linhaça, aveia e vegetais crus são grandes aliados.
Evite dietas muito restritivas ou radicais, pois elas podem comprometer a saúde vascular e agravar o quadro do lipedema. Cada paciente precisa de uma orientação nutricional personalizada, sempre respeitando seu metabolismo e necessidades.
Outro ponto relevante: algumas pacientes relatam melhora dos sintomas ao reduzir o consumo de glúten e laticínios. Mesmo que essa relação não ocorra com todas as pacientes, é importante discutir o assunto diretamente com o médico ou nutricionista.
Exercícios: o que realmente funciona?
Assim como a alimentação, a prática de exercícios é extremamente importante para o controle do lipedema. Contudo, é importante entender que nem todo tipo de atividade física é recomendada.
É um mito pensar que exercícios de alto impacto, como corrida ou treinos intensos, sejam ideais. Na verdade, eles podem aumentar o desconforto e piorar a sensibilidade das pernas.
Atividades mais indicadas para quem tem lipedema:
- Caminhadas moderadas em locais planos;
- Natação e hidroginástica, que unem movimento com efeito de drenagem natural;
- Pilates e yoga, focando na postura, força muscular e alongamento;
- Treinamento de força com supervisão, para fortalecer os músculos sem sobrecarregar as articulações.
Exercitar-se de forma adequada melhora a circulação, ajuda a controlar o peso e reduz a sensação de inchaço e dor. Cada paciente deve adaptar a prática regular de exercícios às suas próprias condições e limitações.
Ademais, exercícios de mobilidade e alongamento são fundamentais para manter a flexibilidade e minimizar a rigidez dos tecidos, comum em estágios mais avançados da doença.
A importância de manter um peso saudável
O lipedema não tem origem na obesidade, mas o excesso de peso agrava os sintomas e acelera a progressão da doença. Por esse motivo, manter um peso corporal adequado é uma estratégia fundamental.
Estudos mostram que a gordura do lipedema costuma resistir à perda de peso tradicional. No entanto, controlar o percentual de gordura geral do corpo melhora o edema, reduz a dor e protege a saúde cardiovascular.
Associar alimentação equilibrada com exercício físico contínuo permite controlar o inchaço, minimizar a dor e preservar a saúde dos vasos sanguíneos.
Tratamento multidisciplinar: o que mais pode ajudar?
O lipedema é uma condição complexa, que exige uma abordagem completa e personalizada. Em muitos casos, os profissionais indicam outras terapias além da alimentação e dos exercícios, como:
- Drenagem linfática manual especializada, para reduzir o acúmulo de líquido;
- Uso de meias de compressão de grau adequado;
- Pressoterapia (terapia por pressão pneumática);
- Procedimentos cirúrgicos, como a lipoaspiração adaptada para lipedema, indicada em casos selecionados.
Profissionais especializados devem conduzir o tratamento sempre, respeitando a individualidade de cada paciente. Cada paciente segue um plano de tratamento único, considerando o estágio da doença, os sintomas e os objetivos pessoais.
Manter um acompanhamento regular com um médico vascular é fundamental para avaliar a progressão da doença e ajustar o tratamento sempre que necessário.
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