Lipedema
Sintomas, causas e tratamentos
Muitas vezes confundido com obesidade, o lipedema é um tipo diferente de gordura acumulada. Mesmo com muita insistência, essa gordura não é eliminada da forma convencional, como por meio de exercícios físicos comuns e dietas genéricas.
Por ser um problema crônico e afetar a mobilidade, o lipedema prejudica consideravelmente a autoestima das pacientes. Apesar de não ter cura, porém, é possível tratar seus sintomas e reverter boa parte do quadro.
Entenda melhor o que é lipedema, qual especialidade médica trata lipedema e como é feito o tratamento dessa condição de saúde.
O que é e o que causa lipedema?
O lipedema é um distúrbio do tecido adiposo – ou seja, da camada de gordura do corpo. Nesse quadro, a paciente tem um acúmulo anormal de gordura. Isso geralmente ocorre nos membros inferiores, mas também pode ocorrer nos braços. Apesar do acúmulo nas pernas e/ou nos braços, os pés e as mãos não são afetados. Isso gera uma aparência bastante específica em alguns casos.
Uma das maiores particularidades do lipedema é o fato de que essa gordura localizada não desaparece com táticas convencionais. Como essa é uma doença inflamatória, crônica e progressiva, o acúmulo de gordura tende a aumentar com o tempo. Isso pode causar complicações à saúde do paciente, bem como prejudicar seu bem-estar físico e mental.
A progressão do lipedema pode causar:
- Dor e sensibilidade nas regiões afetadas;
- Piora progressiva da mobilidade;
- Fragilidade vascular;
- Enfraquecimento dos cabelos;
- Prejuízos à autoestima (possivelmente resultando em ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, de sono e outros).
A causa do lipedema é genética e induzida pelo hormônio estrogênio. Embora a origem do problema seja hormonal, estudos já observaram a relação entre lipedema e o comprometimento vascular, como a presença de varizes em 40% dos casos.
Mulheres são muito mais afetadas por lipedema que homens. Em geral, o problema tende a surgir em fases da vida como puberdade, gravidez e menopausa. Ou seja, períodos de muita flutuação hormonal.
Há também o fator hereditário. A presença de casos de lipedema na família torna as demais gerações suscetíveis à doença.
Apesar de não ser o mesmo que obesidade ou linfedema, o lipedema pode estar associado a estas e outras condições de saúde e agravado por elas.
Lipedema ou linfedema?
Além de ser confundido com obesidade, o lipedema também é relacionado ao linfedema. Isso porque as duas condições alteram a aparência dos membros. O lipedema, no entanto, se trata de acúmulo de gordura. Já o linfedema consiste em inchaço por acúmulo de líquido.
O linfedema acontece quando, por algum tipo de lesão ou obstrução, o sistema linfático não trabalha de forma adequada. Responsável por drenar os líquidos do corpo, ele deixa de executar essa função, gerando inchaço. Geralmente, ele ocorre em pernas e braços.
Outra das diferenças entre lipedema e linfedema está nas mãos e nos pés. Em quadros de lipedema, mãos e pés não têm sua aparência alterada. Em quadros de linfedema, no entanto, eles também incham.
Como saber se estou com lipedema?
O diagnóstico de lipedema é complexo. Não é possível, por exemplo, se olhar no espelho e descobrir se o acúmulo de gordura em questão é lipedema, obesidade ou outra condição.
Em geral, as chances de se tratar de lipedema são aumentadas quando:
- Há dor ou hipersensibilidade na região acometida pelo acúmulo de gordura;
- Dificuldade extrema de queimar a gordura localizada (mesmo com dieta e rotina de exercícios);
- Roxos inexplicados frequentes;
- Não há acometimento de mãos e pés.
Ainda assim, apenas um especialista em lipedema pode fazer o diagnóstico.
O diagnóstico de lipedema é multifatorial. Isso significa que pode ser necessário realizar mais de um exame, além de uma análise clínica criteriosa. Podemos utilizar alguns exames para nortear nossa investigação como:
- Densitometria de corpo inteiro;
- Bioimpedância;
- Ultrassom com doppler.
Em conversa com a paciente, o médico também o questionará sobre sua história e fará o exame clínico. Todos esses fatores podem descartar o lipedema ou fechar o diagnóstico da doença.
Qual é a especialidade médica que trata o lipedema?
Apesar de ter casos descritos há décadas, o lipedema ainda está sendo estudado. Por isso, muitos médicos não têm conhecimento sobre o assunto. Independentemente da especialidade do médico, portanto, é essencial buscar um profissional que tenha algum tipo de especialização nesta doença.
Em geral, os médicos que costumam estar envolvidos no diagnóstico do lipedema são:
- Cirurgiões vasculares;
- Endocrinologistas;
- Cirurgiões plásticos;
- Nutrólogos.
Além dos médicos, porém, outros profissionais tendem a ser envolvidos no tratamento, que é multidisciplinar. São eles:
- Nutricionistas;
- Preparadores físicos;
- Fisioterapeutas;
- Psicólogos.
Lipedema: tratamentos
O tratamento do lipedema ocorre em duas frentes: terapêutica e cirúrgica.
Na primeira, a paciente passa por profissionais que orientam mudanças alimentares e de hábitos. Além disso, ela também inclui procedimentos como drenagem linfática e terapias de compressão para melhorar a circulação das áreas afetadas.
Nessa fase, o paciente com lipedema pode se beneficiar de:
- Dieta cetogênica;
- Redução do consumo de sal;
- Alimentação anti-inflamatória;
- Prática de exercícios físicos de baixo impacto;
- Uso de meias e faixas de compressão.
- Uso de suplementos específicos
Algumas pacientes, porém, precisarão da segunda fase do tratamento de lipedema para recuperar a qualidade de vida. Se trata da etapa cirúrgica, que envolve procedimentos para retirar o acúmulo de gordura. Nela, podem estar envolvidos técnicas como:
- Lipoaspiração;
- Dermolipectomia (retirada de sobras de pele e gordura);
- Endolaser, radiofrequência, jato de plasma ou outras tecnologias para estímulo de colágeno e retração de pele (tratamentos para melhora da flacidez pós cirúrgica).
Independentemente do momento do tratamento, porém, é imprescindível o auxílio psicológico. O lipedema é uma doença que impacta fortemente o bem-estar e a autoestima da paciente.
Sendo assim, é comum que pessoas com lipedema tenham distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão. É importante, então, buscar especialistas que atendam com empatia, compreendam a dor da paciente e ofereçam uma conduta humanizada, sem julgamentos. Em alguns casos, o acompanhamento psiquiátrico pode ser indicado.
Como cirurgião vascular, tenho expertise no tratamento de lipedema, com especialização pela Lipedema Academy. Atendo em São Paulo e busco sempre proporcionar tratamento individualizado e empático. Meu objetivo é melhorar o dia a dia de quem convive com a doença.