Você sente que suas pernas são desproporcionais ao restante do corpo, mesmo mantendo hábitos saudáveis?
Esse é um dos sinais que pode indicar lipedema, uma condição que muitas mulheres enfrentam sem saber.
Mais do que uma questão estética, o lipedema provoca dor, sensibilidade e hematomas frequentes, afetando a qualidade de vida.
Justamente por ser confundido com obesidade ou retenção de líquido, o diagnóstico correto ainda é um desafio, mas é o primeiro passo para um tratamento eficaz e acolhedor.
Nesse texto, explico como é feito o diagnóstico do lipedema, quais sinais clínicos devem ser observados e quais exames podem ser solicitados para confirmar a condição.
A escuta atenta é o primeiro passo
O diagnóstico do lipedema é essencialmente clínico, ou seja, baseado na avaliação do médico durante a consulta. O primeiro passo é ouvir com atenção as queixas da paciente.
Mulheres com lipedema frequentemente relatam:
- Aumento de volume nas pernas desde a adolescência ou juventude;
- Dificuldade em emagrecer a parte inferior do corpo, mesmo com dieta e exercícios;
- Sensibilidade, dor ou fácil formigamento nas pernas;
- Tendência a hematomas espontâneos;
- Sensação de peso ou cansaço nas pernas, mesmo em repouso;
- Desproporção corporal entre tronco e membros inferiores.
Esses relatos ajudam o especialista a levantar a hipótese diagnóstica e orientar o exame físico.
Avaliação física: o que o médico observa?
Durante o exame físico, o médico vascular observa características como:
- Acúmulo de gordura simétrica nos membros inferiores, que respeita os pés (ou seja, pés finos com pernas volumosas);
- Presença de nódulos de gordura palpáveis sob a pele;
- Dor à pressão nos locais afetados;
- Pele fria e sensível, sem sinais de inflamação ou infecção;
- Ausência de edema (inchaço) matinal, o que ajuda a diferenciar do linfedema;
- Sinais de insuficiência venosa ou varizes associadas.
Um sinal clássico do lipedema é a chamada “discrepância de volume”: a paciente tem uma parte superior do corpo mais magra e membros inferiores bastante aumentados.
Outro aspecto característico é a presença de um “anel” de gordura logo acima dos tornozelos ou punhos, delimitando claramente a região afetada.
Exames complementares: quando e por quê?
Apesar de ser um diagnóstico clínico, alguns exames podem ser solicitados para confirmar o quadro e afastar outras doenças.
Entre os principais estão:
- Ultrassom doppler venoso: é o exame mais solicitado. Ele avalia a presença de insuficiência venosa que pode coexistir com o lipedema, ajudando a diferenciar as causas de dor e inchaço nas pernas.
- Bioimpedância: analisa a composição corporal e pode mostrar a diferença entre massa gorda e líquido retido, auxiliando na diferenciação entre lipedema, linfedema e obesidade.
- Ressonância magnética: em casos mais complexos, ajuda a mapear a distribuição do tecido adiposo com maior precisão.
- Estudo linfático (linfocintilografia): útil quando há dúvida diagnóstica, especialmente para afastar linfedema.
Diagnóstico diferencial: por que é importante diferenciar?
Muitas mulheres com lipedema escutam que estão apenas acima do peso ou que têm retenção de líquido.
Por isso, é importante diferenciar o lipedema de outras condições como:
- Obesidade: no lipedema, o acúmulo de gordura não melhora com perda de peso e não se distribui de forma uniforme;
- Linfedema: provoca inchaço, geralmente unilateral, com edema mais acentuado nos pés e tornozelos;
- Insuficiência venosa crônica: pode causar inchaço, dor e varizes, mas não apresenta acúmulo de gordura característico.
A diferença correta é fundamental para que o tratamento seja direcionado e efetivo. Tratar lipedema como obesidade pode gerar frustração e não aliviar os sintomas.
O papel do especialista em diagnóstico precoce
Quanto antes o lipedema é identificado, melhor. Diagnóstico precoce permite controlar os sintomas, prevenir complicações como o agravamento do quadro ou o surgimento de linfedema secundário.
O médico vascular, especialista em doenças das veias e linfáticos, é o profissional mais indicado para avaliar suspeitas de lipedema.
Ele é o responsável por reunir as informações clínicas, realizar o exame físico e indicar os exames necessários.
Além disso, pode orientar sobre as melhores opções de tratamento, que incluem desde o uso de meias de compressão e fisioterapia até abordagens cirúrgicas como a lipoaspiração especializada para lipedema.
Se você reconhece alguns desses sinais ou já convive com o desconforto nas pernas sem um diagnóstico claro, agende uma consulta [aqui].
Será um prazer ouvir sua história, avaliar seu caso com atenção e ajudar você a encontrar um caminho seguro para cuidar da sua saúde vascular.